O tema deste projeto é a alta classe média na conjuntura brasileira contemporânea, marcada por sucessivas crises políticas e econômicas que se iniciam com o impeachment de 2016 e entrecruzam, a partir de 2020, com uma crise sanitária, causada pelo coronavírus. Nosso objetivo é analisar as orientações e o comportamento político de um segmento das altas classes média: a categoria médica. Pretende-se investigar o modo como os médicos, por meio de suas entidades representativas ? Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Sindicatos dos Médicos do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais -, se orientam e comportam na política brasileira contemporânea, mais precisamente em dois contextos: na crise política de 2016 que resultou no impeachment de Dilma Rousseff e nas crises econômica, social e sanitária de 2020/21. Que interesses materiais, políticos e ideológicos a categoria médica manifesta no impeachment de 2016 e na pandemia? Que posicionamento político assumiram os médicos e suas associações profissionais (CFM e AMB) e sindicais (Sindicatos de médicos de RJ, SP e MG)? Esta fração da alta classe média foi ativa e orgânica no apoio ao impeachment? E por que? Como tem reagido os médicos diante da crise sanitária, que expõe os profissionais da linha de frente, mas que também tem levado a um afluxo da atividade diante da redução de consultas, interrupção de tratamentos e suspensão de cirurgias? Nossa hipótese é que a condição de alta classe média deste segmento orienta suas disposições políticas e hábitos. As disposições meritocráticas inicialmente aproximam a categoria médica da frente que apoiou o impeachment de 2016 mas a política do governo Bolsonaro, na medida em que desqualifica o status e o saber médico, tem produzido fraturas, colocando em disputa a autonomia, a ética médica e o tratamento precoce à COVID-19. Por meio de técnicas quantitativas (survey) e qualitativas busca-se responder o problema de pesquisa.

Situação: Em andamento;

Natureza: Pesquisa.